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Crítica do livro – Battle Royale (Uma das histórias favoritas de Quentin Tarantino)

by on abril 25, 2014
 

Então cambada, a obra Battle Royale chegou em terras tupiniquins por conta da Editora Globo. Esse é um livro de Koushun Takami que foi publicado lá no Japão no longínquo ano de 1999. Battle Royale explodiu por lá, vendendo milhões e gerando muita controvérsia, sendo considerado por muitos o romance mais polêmico da Terra do Sol Nascente. Seguindo a linha falem mal mas falem de mim, a obra fez tanto sucesso que foi adaptada ao cinema, ganhou uma continuação nas telonas e virou uma série de mangá de 15 volumes. É mole ou quer mais?

Em 2009 o cineasta Quentin Tarantino elegeu o filme Battle Royale, do diretor Kinji Fukasaku, como o melhor filme que ele já tinha visto na vida até então. Sem contar que a história de Battle Royale ainda influenciou fortemente a obra de Suzanne Collins, autora do sucesso do momento aqui no ocidente, Jogos Vorazes.  Como podem ver, gostando ou não, esse livro já marcou o mercado e a sociedade.

Então do que se trata essa história? O que esse livro traz de tão diferente? Nada tema jovem gafanhoto, aqui vai uma sinopse do que esperar nessa obra. Logo de cara somos apresentados a 42 estudantes de uma turma da Escola de Fundamental Shiroiwa da Província de Kagawa. Os jovens irão para uma excursão, pelo menos na teoria. Durante a viagem todos dormem e, quando acordam, descobrem que foram sequestrados. Os manolos estão agora em uma ilha deserta e terão de participar do Programa.

O que é o Programa? Num futuro próximo o governo da Grande República do Leste Asiático possui um experimento militar chamado de “Ato BR” ou “Programa” onde aleatoriamente uma classe inteira do nono ano do Ensino Fundamental (adolescentes entre 15 a 17 anos) é “confiscada” pelo governo. Isso é uma forma de controle do governo japonês para impedir ideias subversivas. O Programa foi criado pelo governo para os cidadãos aprenderem que não se deve confiar nos outros e o quanto o ser humano é cruel. Todo ser humano tem um instinto de sobrevivência quando colocado em uma situação de perigo. É o modo do governo de criar medo e paranoia na população e, assim, impedir que os mesmos nunca se revoltem contra o governo. Com a classe de nono ano B não é diferente. Enquanto estiverem nessa ilha terão de participar de um jogo de matança. Todos têm 48 horas para matar os colegas de classe ou morrer tentando. E só pode haver um sobrevivente entre os “jogadores”.

Cada participante do Programa recebe uma coleira rastreadora – que também serve para saber quem já morreu – e um kit se sobrevivência que inclui pão, água potável, um mapa, uma bússola, um relógio e uma arma  aleatória – podendo variar de um bumerangue, um picador de gelo ou até mesmo bombas relógios e uma metralhadora.  Justiça pra que, não é mesmo?

Para deixar o jogo mais cruel ainda há os quadrantes proibidos. Quatro vezes por dia o supervisor do Programa anuncia os quadrantes que estarão proibidos por certo tempo. Caso haja alguma alma infeliz no espaço referido, dando uma importância maior ao mapa, a coleira no pescoço do coitado explode. É um jogo de sobrevivência brutal. Os jovens têm seus sonhos sacrificados em um país totalitário e servem de base para manter esse sistema. A ambição de liberdade dos personagens não é apenas de se livrar do jogo, mas do regime fascista em que vivem.

Esse é um livro impressionante. Não há nenhuma barriga na obra, nenhum momento lento. O livro te captura e a leitura é bem dinâmica, se você não tiver problema com a violência presente na obra. Sim, é um romance bem violento, contudo bem narrado e expondo como algumas pessoas podem ser cruéis e que, mesmo assim, há seres humanos que podem demonstrar bondade nas piores situações. São 42 estudantes no livro, o leitor fica conhecendo quase todos profundamente. Cada jovem tem sua história e cada um tem sua importância, sendo que Shuya Nanahara é o que tem mais destaque. Mas não ache que essa é uma jornada de uma pessoa, essa é a história de vários jovens, tentando sobreviver num mundo cruel. É uma obra que desperta medo, tristeza, angústia e tensão no leitor. Não é a toa que criou tamanho impacto em vários meios do entretenimento.

Costuma-se dizer que as melhores obras de ficção não fornecem respostas e sim perguntas. É o que precisamente esse livro faz. Ao ler essa obra é inevitável se perguntar o que você faria numa situação tão caótica. O simples dilema moral apresentado em Battle Royale te leva a uma analise introspectiva que irá fazer você se conhecer melhor e gerar boas discussões com os amigos.

Em 1997, o autor dessa obra, o japonês Koushun Takami, sofreu uma grande decepção. O manuscrito de seu romance de estreia havia chegado à final do Japan Grand Prix Horror Novel, concurso literário voltado para a ficção de terror, mas acabou perdendo. Como o tempo passa, o tempo voa.  Agora Battle Royale é uma obra super celebrada. Será que colegas e amigos que cresceram juntos irão se matar? Será que haverá um ato de rebeldia contra o governo? Quantos irão abandonar seus princípios?  Só lendo essa obra de terror psicológico, violência, sobrevivência e perseverança para descobrir.

Nota: 4/5

Páginas: 664

Preço sugerido: R$ 49,90, compre o seu aqui num preço mais bacanudo.

Não deixe conferir as críticas sobre as obras Sob a Redoma (Stephen King) e Wild Cards – O Começo de Tudo (George R. R. Martin e outros).

Trailer do livro. Pois é, trailer de livro, quem diria?

 

Sobre o autor da obra

Koushun Takami é formado em literatura pela Universidade de Osaka. Na década de 1990 trabalhou como jornalista no Shikoku Shimbun, cobrindo as áreas de política, segurança e economia. Deixou o jornalismo para se dedicar à literatura, mas não lançou mais nenhuma obra desde Battle Royale.

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