Serra Pelada é um drama que trata da relação de dois amigos ao longo da década de 80. O que torna esse relacionamento tão peculiar é que essa amizade se passa durante a corrida pelo ouro no Pará, mais precisamente no maior garimpo a céu aberto do mundo, Serra Pelada, que dá nome ao longa. Juliano (Juliano Cazarré) e Joaquim (Júlio Andrade) são os dois companheiros que deixaram São Paulo em busca de riqueza. Aos poucos a febre do ouro os transforma, Juliano acaba se tornada um gângster e Joaquim abandona os valores e bons costumes que sempre prezou.
A sensual e normalmente competente Sophie Charlotte deixa um pouco a desejar mas não compromete a obra
O filme de Heitor Dhalia é uma bela e impecável reconstituição de época, o diretor pernambucano acaba por criar um faroeste tropical no coração da Floresta Amazônica. As interpretações são convincentes, em especial o sempre espetacular Wagner Moura, que cria um personagem, Lindo Rico (sim, esse é o nome do figura no longa), caricato, mas nem por isso menos ameaçador. Os personagens são muito marcantes, já o enredo é meio cliché, a história não tem nenhuma grande reviravolta, mas os diálogos tensos e emocionais irão te prender na narrativa. A fotografia de Lito Mendes acaba por mostrar em suas cores a metamorfose dos personagens. O filme ainda conta com a participação da bela Sophie Charlotte, estreando nas telonas, talvez por isso ainda não tão confortável com as diferenças da atuação na televisão e no cinema, e do quase onipresente em produções nacionais, Matheus Nachtergaele.
Fica o aviso para os mais sensíveis que o filme tem muitos palavrões, brutalidade e cenas de cunho sexual, entretanto todo o sexo e violência presentes nessa obra são contextualizados pela realidade de Serra Pelada. Aquele não é um lugar de fino trato, nada no filme é colocado por sensacionalismo, é apenas para passar a realidade do garimpo. A perdição pelo ouro dessas duas almas é algo imperdível de se conferir, não deixe de ver essa superprodução.
Nota: 4/5
Trailer oficial do filme