Esse exclusivo do 3DS feito pela Arzest (antigo Artoon, responsáveis pelo Yoshi Island no DS), não pela Big N, responde uma pergunta que ninguém nunca parou para pensar. Cadê os pais de Mario e Luigi? Essa sequência, não um remake como algumas pessoas achavam, do clássico de 1995 no SNES, Super Mario World 2: Yoshi´s Island, e do não tão bom game de 2006, Yoshi´s Island DS para o DS, tenta trazer de volta a magia do dinossauro mais foda, e simpático, do mundo da ficção.
Vamos começar por uma preocupação muito comum de quem compara a arte desse game com a do original no SNES. Muita gente critica o gráfico ao ver o jogo num vídeo do You Tube e tal, lembrando que isso também aconteceu com Link Between Worlds. Pessoal, as imagens do 3DS em vídeos da internet sempre são mil vezes piores do que no pequeno notável. Se você quiser ver o gráfico na real, confie nos seus próprios olhos, baixe um vídeo ou demo no eShop da Nintendo e então você verá a qualidade real. Ver essa arte que simula uma pintura a óleo, aquarela e desenhos com giz, como os antecessores, em modelos 3D é algo muito bonito e em movimento funciona muito bem. Nem se preocupe em ligar o 3D do 3DS, aqui a simulação de imagens saindo da tela ou com maior profundidade são praticamente imperceptíveis.
O jogo agora se passa na Egg Island, e continua logo depois do final do Yoshi Island original. Com um pequeno retcon. A cegonha no final do primeiro game teria entregue Mario e Luigi para os pais errados, e na hora de tentar levar os bebês para os verdadeiros “genitores” (ou algo do tipo já que nesse mundo bebês realmente vem de cegonhas), Kamek, o mago servo de Bowser captura Luigi. Enquanto isso, Mario cai de paraquedas de fraldas aos cuidados dos Yoshis. Cabe ao futuro encanador e os dinossauros se unirem para salvar o bebê do boné verde. E muita confusão irá acontecer nessa nova ilha porque o bebê Bowser, além de querer se vingar dos irmãos, também quer fazer uma casa de veraneio nessa ilha. E para isso ele conta com toda sua tropa.
Yoshi´s New Island é bem parecido com o do SNES. Essa versão, como o original, incentiva que você colete muitas coisas – flores, pequenas estrelas e moedas vermelhas – e com isso explore bastante o estágio. Esse é um jogo sobre exploração e se caso você seja perfeccionista e queira conseguir 100% em todas as fases, se prepare para uma jornada bem extensa. Só para constar, para zerar totalmente uma fase é preciso 5 flores, 20 Red Coins e 30 “estrelinhas” em cada um dos estágios. É um jogo para pessoas pacientes, se você quiser passar pelas fases rapidamente, claro que é possível, mas metade da graça vai embora. Ah esse é um game curto, com seis mundos no total, com 8 fases em cada um deles. Se você completar tudo num mundo em cada um dos estágios, você habilita uma fase extra, essa com uma dificuldade bem elevada para aqueles que procuram um desafio que preste. Isso vale para todos os mundos.
Falando em paciência, aqui há vários modos de controle. Existem duas configurações de controle para pulo e movimentação, que alteram a localização dos botões de travamento da mira para lançar ovos. Os jogadores podem também escolher entre três tipos de controle relacionados ao lançamento de ovos de Yoshi: Patient, Hasty e Gyrosensor. No modo Patient: aperte o botão “R” uma vez para acionar o cursor de mira, e depois aperte o botão “R” uma segunda vez para lançar o ovo. Em Hasty: segure o botão “R” para manter o cursor de mira em movimento, solte o botão “R” para lançar o ovo. Que é igual ao original. No Gyrosensor: movimente o portátil para alinhar o lançamento dos ovos. Que é a pior opção disparada. O jogo vem configurado para a opção Patient, então se você é saudosista já sabe que terá que mudar o modo de controle.
Controlar os dinossauros de várias cores é extremamente satisfatório. Um Yoshi pode flutuar, pular, comer os inimigos, usar sua língua em várias direções e soltar ovos. O que ele podia fazer no original ele pode fazer aqui, só que de forma um tanto mais lenta do que a saudosa versão do Super Nintendo. A jogabilidade é bem coesa, se você morrer a culpa é sua, não do jogo.
O que diferencia esse jogo de outros é o sistema de “energia”. Sobreviver aqui é manter o bebê Mario nas costas do Yoshi. Se você for acertado, Mario vai sair voando numa bolha, chorando irritantemente e você terá menos de 30 segundos para recuperar o pirralho. Se não o fizer, menos uma vida para você. Nos 4 primeiros mundos você mal irá morrer, contudo esse elemento de busca pelo bebê fica mais complicado nos dois últimos mundos, mas nada impossível.
Cada mundo possui duas ou três sessões de transformação. Sim, Yoshi se transforma nesse game, seja num helicóptero, num carrinho de mina, num balão, num submarino ou no que for preciso para seguir em frente. Essas sessões feitas o sensor giroscópico do 3DS; e tirando o carrinho de mina, todas são terríveis de controlar. Não chega ser muito chato quando se falha nessas sessões, porque você simplesmente pode tentar logo em seguida, sem perder uma vida.
Esse jogo tem alguns elementos curiosos que aumentam bastante a diversão de quem joga. Um detalhe bobo, por exemplo, é que os ovos normais tem propriedades diferentes. Os verdes são os tradicionais, os amarelos quando usados soltam moedas, se acertar um inimigo, e os vermelhos fornecem duas “estrelinhas”, se acertar o adversário claro. Falando em ovos há ovos gigantes (eggdozers) que surgem ao devorar inimigos enormes, e servem para abrir caminhos derrubando paredes e afins. E há ovos metálicos, que deixam Yoshi mais pesado para que ele possa explorar os pedaços subaquáticos das fases. Existem vários poderes extras, e um que retorna é a estrela. Mario não tem sua capa como na versão de SNES quando pega uma estrela, dessa vez é o próprio Yoshi que fica invencível. Além disso, há a adição de uma estrela vermelha que faz com que Yoshi vire algo parecido com o Super Sonic, voando pela tela em alta velocidade.
As batalhas contra os chefes são bem simples, usando padrões fáceis de identificar e sem muita dificuldade. Os chefões poderiam ter um pouco mais de criatividade, mas o design de todos os outros elementos do jogo são extremamente vivos e inventivos, compensando essa falha.
A trilha não é nada marcante, com muitos remixes do tema principal e uma ou duas músicas sendo bem incomodas. Nesse departamento é estranho ver um jogo baseado numa das marcas mais fortes da Nintendo deixar a peteca cair. Dá para encarar as melodias, mas deixar no mudo e escutar outra coisa é sempre uma opção.
Existem alguns mini jogos para jogar com os amigos, que são habilitados no decorrer do jogo. São desafios rápidos do tipo quem come mais inimigos ou quem flutua por mais tempo, nada demais, servem para distrair mas não garantem uma jogatina mais prolongada. Felizmente para jogar esse mini games com seus amigos só é preciso ter uma cópia de Yoshi´s New Island, os outros participantes podem se divertir usando o recurso download play de seus 3DS´s/2D´s.
No fim das contas esse é um jogo bem fácil, mais focado para os mais jovens, contudo não deixa de ter seu charme. As fases, tirando seus extras, são um tanto lineares, entretanto o visual de cada mundo é único e captura a atenção de qualquer um. Lembrando que para desfrutar esse jogo de verdade é preciso focar na exploração, se seu objetivo é tentar fazer uma speed run da vida, completando os levels da forma mais acelerada possível, vai sair dessatisfeito dessa experiência. Putz, só jogando sem fazer nada de opcional o jogo pode ser completado em apenas 3 horas, ou menos. O novo aqui não é exatamente novo, mas essa revisitação ao clássico pode ser agradável, caso você não esteja procurando um jogo de plataforma muito desafiante. Talvez não valha a pena pagar o preço total, contudo numa promoção é uma compra certa.
Nota: 3/5
Esse trailer não faz jus a arte do jogo. Sério. Na telinha é bem mais bonito do que o You Tube mostra.