Sonopress proibe o blu-ray de “Azul é a Cor Mais Quente” por conta de nudez e relacionamento lésbico
O filme “Azul é a Cor Mais Quente”, confira nossa crítica desse clássico aqui, não terá versão em Blu-ray no Brasil, segundo afirma a empresa responsável pela produção no Polo Industrial de Manaus. Sim, isso mesmo que você leu. Em comunicado oficial, a Sonopress afirmou que o conteúdo de sexo explícito do filme é inadequado e, por isso, não produzirá o material do longa. A distribuidora desse filme francês, Imovision, lamentou a decisão.
“A Imovision procurou a empresa brasileira Sonopress, que replica seus títulos em Blu-ray, mas a mesma se recusou e ainda alegou que nenhuma outra empresa faria o serviço”, afirma a empresa, em nota.
A Sonopress informa que tem restrições contratuais que a impossibilita de realizar qualquer tipo de publicação que implique um conteúdo sexual. O título também teria sido negado, pelo mesmo motivo, pela Sony DADC. Até o momento, está autorizada apenas a reprodução em DVD em São Paulo, já que apenas o Polo Industrial de Manaus produz Blu-ray no Brasil.
A polêmica envolvendo a produção dos Blu-rays do longa francês teve início na noite da segunda (24), quando a página oficial do filme no Facebook publicou um texto denunciando a recusa, que aconteceu “devido ao seu conteúdo”, um relacionamento amoroso entre duas mulheres. “Ainda estamos batalhando para reverter essa situação, mas não conseguimos acreditar que tratariam dessa forma a história de amor mais linda de 2013, vencedora da Palma de Ouro no Festival de Cannes e diversos outros prêmios. O que vocês acham disso?”, diz a mensagem.
Em entrevista publicada no O Globo, o presidente da distribuidora Imovision, Jean Thomas Bernardini, também demonstrou indignação com a recusa. “Fico preocupado não como fornecedor, mas sim como consumidor. Não é um filme pornô. Na França o filme recebeu classificação indicativa de 12 anos, aqui foi 18. Até aí tudo bem, mas agora o DVD ser proibido? Porque isso é um tipo de censura. Qual o critério?”, questionou.
Segundo o crítico de cinema Pablo Vilaça, a Sonopress jogou a culpa por não aceitar replicar o Blu-ray de “Azul é a Cor Mais Quente” para cima da Microsoft e da Disney. A Sonopress quer vender a ideia de que uma mera replicadora (não a distribuidora) seria podada por clientes. Ok então.
É impressionante a hipocrisia desse mundo. Isso me lembra de o que George RR Martin disse em relação às pessoas que reclamam da descrição das cenas de sexo em seus livros:
“Eu posso descrever um machado entrando em um crânio humano em detalhes explícitos e ninguém vai piscar duas vezes por isso. Basta eu fornecer uma descrição semelhante, da mesma forma detalhada, de um pênis entrando em uma vagina, e eu recebo cartas sobre o assunto e pessoas reclamando.”
Agora eleve esse problema a décima potência, pois com certeza tem homofobia no meio do impedimento da produção do Blu-ray desse belo longa. Inaceitável. Não deixem de divulgar e reclamar pessoal, o Brasil tem que ter acesso a essa obra em todos os formatos, abaixo o preconceito.
Gostei, gostei mesmo.