Polêmico, diferente, peitinhos, surreal e inovador. Isso é a versão curta do que vi em Sob a Pele (Under the Skin no original). Vamos então a versão longa dessa experiência cinematográfica. Sim, prepare-se para um pouco de pedantismo, mas não muito. Eu acho.
Scarlet Johansson é uma alienígena sedutora que passa boa parte do filme peladona. Calma, calma que não é só alegria. É esse tipo de luxuria, de desejo carnal que faz com que os homens sejam assassinados nesse filme de ficção cientifica de Jonathan Glazer. É como se A Experiência (alguém se lembra?) lá do longínquo ano de 1995 tivesse sido refeito pelo saudoso Stanley Kubrick.
Não deu pra sacar ainda? Aí vai uma sinopse mais completa então. Laura (Scarlett Johansson) é uma alienígena que vem a Terra disfarçada com a forma estética perfeita de uma mulher fascinante. Nisso a alien acertou em cheio. Ela vasculha estradas remotas da Escócia e usa sua sexualidade voraz. Ela é mortal e eficiente, mas ao longo do tempo ela se vê atraída pela complexidade da vida na Terra. Com esta nova humanidade, ela se encontra em rota de colisão com sua própria espécie. Só pra constar, o filme é baseado no livro homônimo do escritor holandês Michel Faber.
Se você quer decifrar esse filme por conta própria, é melhor não ler o resto dessa crítica. Minha interpretação é a seguinte: A mulher é a isca. É o que atrai o “peixe” para ser pescado. Nós nunca vemos o “pescador” nessa obra, e provavelmente seja melhor assim. A pergunta levantada nesse filme é o que ocorre quando a isca fica curiosa? O que passa na cabeça desse ser quando ele começa a desenvolver um pouco de consciência? Pode a isca sentir empatia pelo iscado?
A interpretação de Johansson aqui é única. É como se o corpo da atriz estivesse no automático, ele esta presente, mas não há alma. Pelo menos inicialmente. Scarlett Johansson é a planta carnívora perfeita, aqui ela é gélida, assustadora e completamente diferente de qualquer outro papel que fez anteriormente.
Onde começa a mudança de “Laura”…
Sob a Pele é uma experiência poderosa e enigmática, algo que define Glazer como um mestre da arte cinematográfica. Esse é o terceiro filme do diretor Jonathan Glazer e é algo que flerta mais com o abstrato, apesar de ser um tanto confuso, com certeza vai virar um filme cult. A fotografia de Daniel Landin é crua, degradante e de uma beleza peculiar, dando uma veracidade para o que vemos na telona. E a trilha de Minca Levi é praticamente mais um personagem no filme.
Esse é o filme que mais vai dividir a audiência esse ano. A mensagem do longa pode até ser indecifrável, mas por ser uma obra com belas e alucinógenas imagens e ter a performance hipnotizante de Scartlett Johansson, Sob a Pele é uma experiência que todos tem que conferir. Se você odiar pelo menos tem a nudez batuta de Johansson para alegrar seu dia.
Sem dar nenhum spoiler, o fim do longa é bem satisfatório e deixa bastante espaço para interpretação, algo que não me incomodou, contudo há quem prefira tudo explicado. As comparações com de De Olhos Bem Fechados de Kubrick serão inevitáveis.
Clichés passam longe desse filme e a direção de Glazer, como já dito, é um primor. É um filme para ver e rever, pensar sobre o mesmo, e assim tentar achar seu significado. E com certeza há mais de um. É uma bela obra de ficção cientifica, com momentos de suspense e as vezes podendo assustar. A única coisa que chegou a me incomodar em alguns momentos é que os rapazes que Scartlett pega em sua van não são atores, são pessoas reais que não sabiam o que estava ocorrendo e entraram no barato. Apesar de que na teoria é legal colocar pessoas comuns sendo seduzidas pela atriz, essas cenas ficam bem destoantes do resto do filme, onde tudo é perfeitamente dirigido. Mas é um detalhe pequeno, nada que estrague a jornada. Sob a Pele é algo único, te dará uma estranha alegria, vale a pena conferir.
Nota: 4/5
Para ver outro filme atual de Scarlett Johansson confira a crítica de Capitão América 2: O Soldado Invernal aqui. E se quiser outro filme de herói veja sobre O Espetacular Homem-Aranha 2 aqui.
Trailer dessa obra especial