Esse filme é um drama esportivo que mostra a comovente história de Max Trombini, interpretado pelo ator Caio Castro, baseada no livro “Aprendiz de Samurai – Uma História Real”, do verdadeiro Trombini. De família pobre e sem pai, que o abandonou ainda cedo, o jovem vivia na diretoria da escola devido a suas inúmeras brigas. Muito ligado ao avô, interpretado por Moacyr Franco, com quem brincava sempre de briguinhas e era um modelo para ele, Max tem um grande baque quando ele morre. O garoto fica ainda mais violento na escola e é quase expulso. Graças a um professor que convence a mãe, a atriz Suzana Pires, de colocá-lo no judô, o garoto irá descobrir nas artes marciais disciplina e um caminho para sua vida. Max irá aprender que o importante na vida é ter um objetivo, não importa se esse não foi aquele que pensamos inicialmente.
Com personagens bem construídos e se utilizando de um tema pouco explorado no Brasil, o filme de esporte e motivacional, a obra do diretor estreante Stefano Capuzzi é uma boa surpresa. Caio Castro está muito bem em seu papel, apesar de que nas cenas de choro ele vacila, assim como Gabu Mendes como seu sensei e Moacyr Franco como seu avô. A relação destes com o protagonista é um ponto forte na trama, pois ambos são grandes influências na vida do rapaz. A mãe Teresa também é muito marcante. É clara a sua mudança ao longo da trama, quando percebe que precisa dar mais atenção ao menino e realizar mais alguns sacrifícios. Tanto Caio Castro como Felipe Falanga, que faz o protagonista quando criança, um raro caso de bom ator mirim, passam naturalidade ao personagem e tornam bastante envolvente assistir ao crescimento da importância do judô na vida do personagem. O que antes era algo apenas para controlar os acessos de raiva do menino se torna seu sonho e objetivo de vida.
Caio Castro atuando de forma convincente como Max
É um filme com qualidades, porém dá para notar alguns problemas também. A trilha sonora instrumental, conduzida pelo maestro João Carlos Martins, é forçada em todos momentos, tentando induzir uma emoção antes mesmo do acontecimento da mesma, sendo um tanto brega. Infelizmente a trilha não é nem um pouco sútil. Além disso, temos alguns clichês no filme, como uma chuva forte em um momento dramático do filme e também algumas escolhas estranhas na edição que destoam do resto do filme, como uma cena de sexo com um filtro estilo propaganda da “Dove”. O filme peca em seu desfecho, se utilizando de um flashback muito mastigado desnecessariamente. A mensagem já havia sido passada, não precisava subestimar o público, oras. Temos também Sabrina Sato no elenco, assim como Ratinho, que são escolhas estranhas, porém nada tema, seus papéis em nada comprometem a história. Aliás, Ratinho até esta a vontade em sua curta aparição e Sabrina dá uma rebolada, rápida, para os marmanjos ficarem felizes.
É importante destacar aqui que o tema de superação esportiva, muito explorado em diversos filmes, nunca teve grande destaque por aqui. E um filme relacionado a judô, menos ainda. É enriquecedor termos novos temas no nosso cinema ainda mais esse que, se fosse bem divulgado, costuma atrair público. Aliás, é uma pena a divulgação dessa obra ter sido tão fraca, não ajudando a encher as salas. A mensagem que esse filme passa é muito positiva, merecendo ser repassada para mais pessoas.
Para fechar, não é um filme perfeito mas seus pontos positivos superam os negativos. O filme exagera no número de fade outs na hora das passagens de tempo, algo que incomoda e que o deixa com um clima de produção mais baixa, apesar de que o resto da edição da produção é bacana. Apesar disso e da péssima trilha sonora, sim, a trilha é realmente tensa, a história do filme sobre o esporte como forma de arte e salvador de vida, somado às boas atuações, é o suficiente para que esse filme seja considerado um belo esforço. Sério, o cinema nacional é mais do que Globo Filmes, dê uma chance para essa produção que merece bem mais do que uma medalha de honra ao mérito. Vale a pena conferir no cinema.
Nota: 3/5
Trailer de “A Grande Vitória”, um filme que mostra que nosso cinema pode ser mais do que comédia pastelão e filmes de crimes