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Crítica e Curiosidades – Operação Big Hero (Walt Disney Pictures, 2014)

by on novembro 17, 2014
 

“Operação Big Hero”, o filme que prova que a ciência pode ser cool…

Baymax é o robô que todo mundo queria ter e não sabia. O robô gorducho e parecido com um marshmallow gigante é o destaque de Operação Big Hero (Big Hero 6 no original), novo filme do estúdio Walt Disney que estreia 25 de dezembro no Brasil. Baseado vagamente numa série de quadrinhos desconhecida da Marvel, esse é o novo filme dos cineastas Don Hall e Chris Williams que promete dominar as telonas nas férias da garotada.

Quando a Disney adquiriu a Marvel, o povo responsável pelas animações estava empolgado para fazer um filme animado baseado nos heróis da Casa das Ideais. Don Hall, que acabou se tornando o co-diretor de Big Hero, no começo queria que John Lasseter (da trilogia Toy Story) criasse uma série de curtas baseados nos personagens da Marvel. Lasseter, no entanto, falou para Hall pensar diferente e maior. Desse modo, Don Hall foi procurar no catálogo da Marvel algo que não fosse de conhecimento geral do público. E assim surgiu o projeto para o filme Operação Big Hero, uma carta de amor à cultura pop japonesa.

Quase tudo é diferente da história dos quadrinhos, contudo a relação do garoto Hiro e o robô Baymax é a mesma, e é o coração do filme. O ser cibernético com um quê de “balãozão” que mal cabe nos espaços feitos para os humanos presenteia o espectador com muito humor físico, com timing perfeito e que irá abrir um sorriso no até mais mal humorado dos indivíduos. Essa é animação Disney com visual mais extravagante até o momento. Sim, superando até mesmo a criatividade dos mundos criados pela Pixar. O que vemos na tela é uma perfeita mistura da cultura ocidental e oriental, representado principalmente pela cidade São Fransóquio (São Francisco + Tóquio para quem não captou), que transborda personalidade. Mas o filme não traz apenas exageros, Baymax, por exemplo, tem um design extremamente simples, mas que transmite inúmeras emoções pelo piscar de seus pequenos olhos. Quase sem dizer nada ele vai capturar sua atenção.

Big-Hero-6-character-line-up

Da esquerda para direita: Fred, Honey Lemon, Wasabi, GoGo Tomago, Hiro Hamada e Baymax (clique na imagem para visualizar a mesma num tamanho maior)

O roteiro de Big Hero é bem simplório mas funciona. O prodígio da robótica Hiro Hamada e seu robô camarada Baymax investigam a morte suspeita do irmão mais velho de Hiro e criador de Baymax, Tadashi. O saudoso Tadashi faleceu num misterioso incêndio em seu laboratório. Um estranho homem com um sobretudo negro e uma máscara kabuki, o Yokai, está envolvido de algum modo nesse acidente mal explicado. Para piorar, esse cara possui um exército de microbots, pequenos robôs que na verdade são criação de Hiro e de algum modo foram roubados durante o incêndio que matou Tadashi. Para deter o terrível Yokai, o recluso Hiro terá que contar com a ajuda dos companheiros de laboratório de Tadashi: a fissurada em adrenalina, Gogo Tamago, o com mania em organização, Wasabi e a empolgada gênia da química, Honey Lemon. Sem contar Fred, um viciado em quadrinhos e mascote, com muito orgulho, da universidade. Juntos eles formam o Big Hero 6, um grupo meio sem jeito, entretanto com muito intelecto. Tirando Fred, que compensa a burrice com sua animação (ver Fred gritando os nomes de seu golpe que nem uma criança brincando com seus brinquedos não tem preço).

É muito bacana ver um filme onde a força dos personagens vem da sua fascinação pela ciência. Isso com certeza irá despertar a curiosidade dos pequenos pelo estudo e tirar o estigma de que quem estuda muito não pode ser divertido. E já falei que o design dessa película é praticamente perfeito? A única reclamação que faço é que esse longa poderia ter dado um pouco mais de espaço para os companheiros de Hiro e Baymax. Contudo esse filme de abertura da franquia tinha que vender bem a relação do garoto e seu robô, então dá para entender que o resto do grupo terá seu destaque em uma sequência.

Making-of-Big-Hero-6-2

Alguns rascunhos que deram base para o visual de Honey Lemon e Wasabi

É uma obra que trata de amizade, de ser honesto consigo mesmo, trabalho em equipe, criatividade, o vazio da vingança (já dizia o Seu Madruga: “A vingança nunca é plena, mata a alma e envenena”), moralidade e muito mais. A metáfora de Tadashi ter deixado para seu irmão um robô feito para curar é algo extremamente bonito. Aliás, esse é um dos melhores longas infanto-juvenis no quesito sobre perda. Um prato cheio para os mais jovens e para os mais velhos, ainda mais se quem estiver assistindo for fã de quadrinhos.

Previsível em sua meia hora final, Operação Big Hero não é nada que vai reinventar a roda, porém o que temos aqui é feito com carinho e dedicação. Recomendadíssimo. Ah, espere passar os crédito para ver uma divertida cena extra.

Nota: 4 out of 5 stars (4 / 5)

E agora algumas curiosidades para complementar sua experiência ao assistir Operação Big Hero:

– O nome do vilão, Yokai, significa demônio em japonês.

– Vários personagens do universo em quadrinhos de Big Hero 6 não aparecem no filme devido a problemas de direito autorais. O Samurai de Prata, por exemplo, pertence a Fox nos cinemas.

– O filme se inspira na minissérie em quadrinhos onde Fred e Wasabi apareceram pela primeira vez.

– A parte em que Fred gosta de fazer filmes sobre ele mesmo em uma roupa de monstro e pisando em caixas foi inspirada no poder original do personagem nas HQ´s: a habilidade de se transformar em um monstro gigante.

– O rosto de Baymax foi baseado em um sino tradicional japonês chamado Suzu. Don Hall, o co-diretor da obra, teve essa ideia quando visitou um templo no Japão.

– O gato de Hiro usa uma roupa baseada em Stich (de Lilo & Stitch) numa foto na escada da casa do jovem.

– Hiro Hamada tem um bonequinho do Ralph, de Detona Ralph, no seu monitor de computador.

– Na delegacia é possível ver um pôster de procurado de Hans (Frozen) e de Flynn Ryder (Enrolados).

– Stan Lee faz sua aparição especial numa foto em família e na cena pós-crédito.

– No laboratório da faculdade, na cena em que Gogo aparece, vemos ao fundo um quadro com vários escritos, e um deles é “Projeto A113”. A113 é o número da sala de aula do Instituto de Artes da Califórnia (CalArts), mítica escola fundada por Walt Disney e seu irmão, Roy Disney, em 1961. Foi o local de estudos de animadores, pioneiras da área, onde muitos profissionais da Disney, Pixar e outros estúdios se formaram. A113 quase sempre é referenciado de um jeito ou de outro nos filmes da Pixar.

Trailer de Operação Big Hero/Big Hero 6

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