Nelson Mandela, o Madiba, morreu no fim de 2013. Sua vida possui muitos capítulos emocionantes e poderosos, tanto no lado pessoal como no político, que cobrir todos em apenas um filme parece uma tarefa impossível. Entretanto o esforço, algumas vezes comovente, desse longa metragem Mandela (Mandela: Long Walk to Freedom no original), é quase bem sucedido. Graças principalmente a incrível atuação do fodástico Idris Elba (Círculo de Fogo e o seriado Luther) que encarna nas telonas o homem, que mais do que qualquer um, foi essencial para o fim do sistema racial de segregação da África do Sul e assim se tornou um farol de esperança para bilhões ao redor do mundo.
Mandela praticamente virou um santo depois de seus 26 anos encarcerado, por isso é de extrema importância focar em seus anos iniciais, algo que o roteiro de William Nicholson (baseado na própria autobiografia de Mandela) faz muito bem. Aqueles que só conhecem sua face de modelo perfeito de perdão e reconciliação podem se surpreender com alguns fatos da vida de Mandela, nada que o diminua, mas o torna uma figura mais complexa.
Elba da vida a Mandela por um período longo, 30 anos, e apesar de que ele não lembra Nelson Mandela fisicamente, ele fornece a dignidade e voz distinta tão característica desse líder. Outra performance de tirar o chapéu é a de Naomi Harris, na pele da (primeira) esposa volátil de Mandela, Winnie Madikizela, que sofreu tanto quanto ele sofreu, todavia saiu do “outro lado” como uma pessoa mais falha.
O subtítulo original, “Longo caminho para a liberdade”, resume bem do que se trata a obra: a jornada de Nelson Rolihlahla Mandela, de sua juventude até se tornar o primeiro presidente eleito democraticamente da África do Sul. O filme aborda principalmente sua luta contra a apartheid e seu subsequente longo período na cadeia. A produção coloca detalhes e informações demais sobre Mandela em um filme de apenas duas horas de duração. Resumindo, é muita história para pouca emoção, falta tempo para desenvolver alguns momentos chaves.
O diretor britânico Justin Chadwick (A Outra, O Estudante) parece uma escolha um tanto estranha para trazer a vida de Nelson Mandela às telas, contudo ele consegue passar em seu filme os momentos íntimos e os momentos históricos com igual importância, apesar que, como já dito previamente, não aprofunda em quase nenhuma passagem. A obra consegue segurar o ímpeto de mostrar um Mandela impecável, suas falhas são bem exploradas, como sua negligencia a família em favor da luta política.
Talvez essa produção fosse mais efetiva na forma de uma minissérie, onde cada fase da vida de Mandela poderia ser explorada em maior profundidade. Mas como uma homenagem a uma das figuras mais importantes do século 20 e uma boa lição de história, mesmo com suas falhas, esse longa é um bom começo.
Nota: 3/5
Trailer de Mandela (lançado originalmente em outubro de 2013, no Brasil só em fevereiro de 2014)
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Estou curiosa para ver mais essa versão da vida do Mandela!
Realmente a vida de Mandela em um único filme é difícil de ser retratada, deveria ser numa minissérie, mesmo assim gostei do filme, Mandela teve uma vida movimentada mesmo preso por muitos anos.