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Crítica: Oldboy – Dias de Vingança (2013)

by on dezembro 6, 2013
 

É bom deixar claro que eu fui predisposto a não gostar desse filme. Sou muito fã da versão sul coreana, a original de 2003, e nunca vi a necessidade de um remake. Mas ok, é difícil negar que dar uma ocidentalizada no filme iria expandir o público dessa história que merece chegar ao maior número de pessoas possíveis. A cena do martelo está lá, o polvo tem uma pontinha (só uma referência a emblemática cena do original de Pan Chan Wook), o aprisionamento é mais do que presente, e o resto? Bem, vamos conferir esse Oldboy – Dias de Vingança (apenas Oldboy nos States).

A história não é para aqueles de estômago frágil, é um filme que trata de temas pesados, a censura é 18 anos, então fica o aviso para não haver incautos no cinema. Em 1993, Joe Doucett (o sempre ótimo Josh Brolin de Onde os Fracos não Têm Vez), um executivo em uma agência de publicidade, depois de ter perdido o aniversário da filha, acaba com as chances de conseguir um cliente em potencial ao bater na namorada do coitado. Após isso, o malandro vai para o bar de seu amigo Chucky (Michael Imperiolo), e enche a cara até dizer chega. Ao sair, o sujeito avista uma mulher com um guarda chuva amarelo, e em seguida ele é derrubado. Joe acorda em um quarto de hotel isolado e percebe que ele virou um prisioneiro. Seus captores o provem itens básicos para higiene e pequenas porções de comida chinesa. Via a televisão o protagonista toma conhecimento de que foi acusado de ter estuprado e matado sua ex-mulher, e sua filha, Mia, foi adotada por outra família. Impedido de cometer suicídio, Joe passa os próximos 20 anos planejando sua vingança. Preso sem motivo aparente,  depois de duas décadas ele é solto do nada. Agora esse homem em busca de sua retaliação se vê amarrado em  uma teia de conspiração e tormenta. E a pergunta mais importante não é por que ele foi preso, e sim por que Joe foi solto?

Honestamente eu achei que o filme começou muito bem. A produção faz um bom trabalho em estabelecer o quão babaca Joe Doucett era, uma abordagem bem diferente do original. Ainda comparando com a versão sul coreana, a sequência da prisão também é bem diferente e feita de maneira inteligente. A queda desse drama de ação ocorre depois de Joe “abordar” o personagem de Samuel L. Jackson. Após essa sequência é claro que muito material ficou na mesa de edição. Tudo fica corrido. Há boatos que 40 minutos do filme foram retirados na versão final graças aos produtores. Isso nunca é um bom sinal.

Duas sequências de luta tem destaque nessa obra: uma já esperada pelos fãs do original, e outra totalmente nova e com certeza mais brutal. Aliás, a brutalidade é algo muito presente nessa versão do polêmico diretor americano Spike Lee (fica a curiosidade que mesmo sendo uma obra violenta, não há nenhuma arma de fogo na produção), na versão de Pan Chan Wook também há violência, contudo ela tinha mais proposito e acontecia com menos frequência, o que dava mais impacto para quando esses momentos ocorriam.

Spike Lee escolhe a dedo seu elenco, além de Josh Brolin, que esta bem durante quase todo o filme (ênfase no quase), Elizabeth Olsen (a Feiticeira Escarlate do vindouro Os Vingadores 2 – A Era de Ultron), Sharlto Copley e Samuel L. Jackson estão muito a vontade em seus papéis. Infelizmente, desse trio, apenas Jackson e Copley tem tempo de tela o suficiente para brilhar. Olsen interpreta Liz, uma assistente social que decide ajudar Joe a localizar seu captor, a talentosa atriz não é aproveitada em sua totalidade, seu personagem aparece apenas para se despedir do protagonista, chorosa ou explicando algum detalhe do roteiro. Alias o enredo brinca muito com o fato de o mundo atual depender demais da tecnologia, e sempre tenta criar humor com o fato de Joe ainda ter a mentalidade presa na década de 90, às vezes com sucesso, outras vezes não.

Esse é um filme com potencial, temos jogos de câmera diferentes, como a câmera nas costas, marca registrada de Spike Lee, atuações competentes e nada de frescuras. O problema é que ato final do filme é muito corrido, com uma edição confusa, e um desfecho “conto de fadas”, covarde e feito para agradar o público geral. O remake de Spike Lee não supera o original e nem adiciona nada de grande importância ao legado Oldboy, assim como boa parte das refilmagens americanas, um remake desnecessário. Saudades de Oh Dae Su.

Nota: 2/5 (3/5 até o final do segundo ato, mas o final… Tenso.)

 

Trailer de Oldboy – Dias de Vingança

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