A segunda temporada do jogo em capítulos da Telltale chega a sua metade em Walking Dead: In Harm’s Way. Nos dois capítulos anteriores acompanhamos a sobrevivente Clementine em seu árduo caminho de sobreviver sozinha e depois conhecer e conquistar a confiança em um novo grupo. Isso já prepara a cena para o terceiro capítulo, que prometia ser uma grande sequência… entretanto toda essa expectativa criada não é preenchida por uma série de fatores.
Craver, o vilão introduzido no capítulo anterior, foi construído como um líder muito inteligente, que impõem sua autoridade sobre os demais, reprimindo com violência àqueles que discordam dele, alegando que toma todas as decisões necessárias para o bem do grupo, mesmo que essas exijam atitudes extremas. Tudo isso poderia torna-lo uma figura marcante assim como foi o Governador nas HQs, entretanto sua participação acaba sendo pontual e curta, impossibilitando um aprofundamento necessário do personagem para o jogador crie um ódio maior sobre ele. Apesar de bons momentos como o diálogo com Clementine e sua cena final, sua figura acaba não causando tanto impacto quanto deveria.
Outra consideração é o papel de Clementine nesse episódio. Até então o jogo explorava bastante como a personalidade dela se moldou em detrimento da realidade em que vive, mostrando que não cabia mais reações sentimentais, exigindo apenas o foco em se manter viva, mesmo que isso custasse altos preços. Porém nesse capítulo, Clementine atua meramente como um fantoche que efetua as ações responsáveis para moverem a história. Realizando todas as tarefas, mesmo as mais difíceis e perigosas, apesar de ser a única criança em um grupo de adultos. Em alguns momentos até tentam justificar o “porque” cabe a ela executar tal coisa, mas fica evidentemente forçado.
Com tudo isso o desenvolvimento das relações entre os personagens fica totalmente prejudicado, sem contar que ainda aparecem caras novas que são engolidas na história, pois a mesma sai correndo rápido demais para se importar com eles. Na realidade o jogo como um todo está perdendo o ritmo e o importantíssimo fator de chocar e manter o jogador imerso naquele mundo que era assustadoramente real pelas escolhas realizadas.
Como falei na crítica anterior, Walking Dead sempre foi um point-and-click simplificado, comparado com os clássicos da Lucasarts, mas essa segunda temporada tornou ainda mais limitada às escolhas, em vários momentos o jogador está apenas escolhendo diálogos, muitos que nem afetam tanto a trama. Elementos como explorar o cenário, conversas e utilização de itens tornaram-se tão irrelevantes que são esquecidas dentro do todo.
Resumindo, o jogo do Walking Dead sempre teve destaque pela sua história, que aliás continua com bons diálogos e personagens interessantes, mas alguns fatores nesse terceiro episódio não são tão supreendentes quanto antes, inclusive repetindo algumas das situações e resoluções já vistas anteriormente. Não há como dizer que a série não caiu um pouco, mas ainda vale bastante acompanhar o restante do caminho de Clementine nos dois episódios restantes, e torcer para que eles recuperem o rumo.
Veja sobre meu post sobre as matérias anteriores aqui e aqui.
Confira também um post do Calhorda sobre a primeira temporada, aqui