Há mais de 10 anos, chegava ao Brasil o mangá Blade: A Lâmina do Imortal (Mugen no Junin – “o habitante do infinito” em tradução livre). A editora Conrad, pioneira no setor de mangás no país, apostou na obra de Hiroaki Samura após o grande sucesso obtido pelo título no Japão e principalmente nos EUA, sendo considerado na época um dos melhores mangás com a temática de samurai.
A trama de Blade acompanha a história de Manji, um ex-samurai que se torna imortal ao ter seu corpo habitado por vermes (kessenchus) com poderes regenerativos. Essa maldição foi colocada nele pela antiga sacerdotisa Yaobikuni e só será removida quando Manji matar mil pessoas más. É então que seu caminho cruza com a da jovem Rin, que busca vingança pela morte de seus pais, executados por Anotsu e seus discípulos do estilo Itto-ryu – que pela finalidade da vitória se permitem usar de quaisquer técnicas e armas no processo.
No começo o plot segue uma linha relativamente previsível, passando a impressão que será basicamente uma série de confrontos entre Manji e Rin contra Anotsu e os demais membros da Itto-ryu. Mas essa estrutura logo é desconstruída, sendo substituída por uma complexa rede de eventos que envolvem os diversos núcleos do mangá. Contudo o destaque da trama fica mesmo pelo profundo e contínuo desenvolvimento dos personagens, que são colocados constantemente em situações extremas, levando-os a explorar seus dilemas e assim compor figuras detalhadas e reais que prendem a atenção do leitor como poucos outros títulos conseguem fazer.
Apesar de carregar elementos de mangás de samurai, o próprio modo de agir de Manji e os princípios da Itto-ryu vão contra a postura tradicional dos códigos de conduta desses guerreiros, subvertendo o foco normalmente visto nessas obras, com isso temos armas, trajes e comportamentos completamente estranhos aquele mundo. Tudo isso aliado a uma arte espetacular – que consegue transmitir uma riqueza de detalhes absurda e ao mesmo tempo captar cenas de ação de modo fluido. Samura também realiza uma magnífica combinação de lápis e nanquim criando uma identidade única para Blade.
Na época que Blade estava sendo publicado no Brasil, o mangá foi interrompido ao alcançar o ponto que a história estava no Japão – assim como também aconteceu com Berserk e Evangelion. Entretanto até o momento não há nenhuma notícia que a Conrad ou outra editora brasileira assuma o mangá e volte para publicar o restante da obra.
Desde o seu primeiro capítulo em 1994 até a sua conclusão no final de 2012, foram 19 anos para completar o título, que saiu e, 219 atos publicados em 31 volumes – durante esse longo período o autor se dedicou a outros trabalhos com temáticas diversas. Aqui a série saiu de 2004 até 2007 em 38 edições (até o ato 127), essas com mais ou menos metade do tamanho das japonesas, ou seja, faltariam ainda 24 edições para os fãs brasileiros conhecessem o final das histórias de Manji e Rin, que totalizaria 62 números. Em 2008, Blade também ganhou um anime, que teve somente 13 episódios.
Agora resta esperar e torcer para que alguma editora, assim como Panini e JBC já fizeram com outros títulos, retome esse excelente mangá que deixou saudades.
Comentáriosou mt fa d blade…..esse mangah eh foda……
demorou mas deu certo. o big já ta mostrando capítulos inéditos no Brasil a dois volumes (vol. 10 e 11).
Acabei de ler a última edição dupla da jbc(15). Que mangá maravilhoso.